Maria Ana Borges de Sousa é a nova administradora da produtora Plural
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Queremos contar com uma estrutura muito ágil e
adaptada aos novos tempos". É assim que Miguel Gil, administrador
executivo da Media Capital, dona da TVI, justifica as novas contratações
do canal e as recentes mudanças internas, uma das mais representativas
desde a saída de José Eduardo Moniz da TVI, no Verão de 2009. Dois anos
volvidos, a TVI parece querer recuperar esse modelo de liderança e
contrata José Fragoso, que vai coordenar a informação e a programação.
Para isso vai-se apoiar em José Alberto Carvalho e em Bruno Santos,
respectivamente. Recorde-se que pela informação passou Júlio Magalhães e
Mário Moura, que se mantém como director-adjunto; enquanto a
programação foi liderada por Bernardo Bairrão, que depois passou o
testemunho a Luís Cunha Velho, depois André Cerqueira e, por fim, João
Cotrim de Figueiredo.
Agora, outro nome surge
para coordenar as duas áreas das quais depende a TVI. "Queremos fazer
uma boa oferta televisiva. Quer na informação, quer no entretenimento, e
isso passa pelos excelentes profissionais que hoje integram as nossas
equipas", acrescenta à Correio TV o administrador. É neste contexto que,
a par das novas contratações, se redesenharam competências nas empresas
do grupo da Media Capital (MC): a TVI e a Plural.
A
José Alberto Carvalho e Judite de Sousa, que entraram em Março de 2011,
juntaram-se José Fragoso, Rosa Cullell Muniesa e Maria Ana Borges de
Sousa, a única deste quinteto que é prata da casa. Mas é, sobretudo,
neste último trio que está focado o futuro da TVI. Eles são os novos
nomes poderosos da estrutura do grupo de média espanhol a operar em
Portugal. José Fragoso assume um cargo revelante nos destinos da
informação e da programação do canal. Rosa Cullell, jornalista,
empresária e gestora catalã, ocupa o lugar deixado vago por Bernardo
Bairrão e entra como administradora delegada da Media Capital. Já Maria
Ana Borges de Sousa, a gestora que passou pela direcção de marketing e
relações exteriores, com provas dadas nas áreas de novos negócios e que
era directora-geral da Castello Lopes Media Capital (CLMC) Multimédia
desde 2009, é promovida a administradora da Plural. Mulher de Bernardo
Bairrão, ex-administrador delegado da MC, Maria Ana é das profissionais
que mais saudades deixa nos departamentos por onde passou. "É uma
excelente profissional e pessoa", conta à Correio TV fonte do
departamento de marketing. Mas as competências da gestora de 40 anos não
são indiferentes às mais altas instâncias. "É uma das pessoas-chave da
TVI e da Plural. Conheço-a há seis anos e desde então sempre revelou
qualidades inigualáveis de excepcionais competências de gestão. Conhece
bem a empresa e os seus objectivos. Estou extremamente confiante. A
Maria Ana é uma mais-valia", revela Miguel Gil. Também o presidente do
conselho de administração da MC não poupa nos elogios. "A Maria Ana é um
dos maiores talentos que a Media Capital tem. Conhece em profundidade o
meio televisivo e é uma excelente escolha para a Plural", diz Miguel
Pais do Amaral.
A transferência de Maria Ana
Borges de Sousa pretende dar novo impulso à produtora da TVI. André
Cerqueira, director-geral da Plural, continua com a responsabilidade das
actividades no Brasil. O brasileiro enaltece as qualidades da nova
administradora: "Acho muito bem a promoção da Maria Ana. É bom termos
uma pessoa para nos apoiar e fico muito feliz por essa pessoa ser ela. É
supercompetente. Tem tudo para tornar a Plural numa empresa ainda
melhor. Trabalhamos juntos há já algum tempo e conheço bem o percurso
dela". Mas a portuguesa partilha a liderança com outra mulher. Rosa
Cullell, a gestora que iniciou carreira como jornalista, obteve os
melhores elogios de Miguel Pais do Amaral. "A Rosa tem várias qualidades
em simultâneo. Possui um currículo muito importante nas áreas da TV e
do jornalismo, além de ter um conhecimento profundo no domínio da
administração", diz o presidente da Media Capital. Também Miguel Gil
enaltece o currículo da espanhola: "A Rosa é uma executiva com provas
dadas na televisão da Catalu-nha e como administradora de empresas como a
La Caixa e a Telefónica".
A contratação de José
Alberto Carvalho e Judite de Sousa para a direcção de informação foi o
primeiro passo no quadro da estratégia de liderança total que o grupo de
média ambiciona. Seguiu-se, então, a requisição de outro nome forte:
José Fragoso. O ex-director de programas da RTP 1 entra na TVI com a
missão de reforçar o primeiro lugar da tabela das audiências,
nomeadamente ganhando espaço na informação. Fragoso assume funções de
coordenador de informação e conteúdos, cargo que tem agregadas as áreas
criativa, de produção nacional e internacional e audiometria. A aposta
da Media Capital em José Fragoso atinge uma fasquia inigualável, pois o
profissional assume ainda o cargo de director de antena. Pelouro nas
mãos de Cunha Velho, desde o tempo em que José Eduardo Moniz era
director-geral do canal de Queluz de Baixo. Cargo que foi depois
atribuído a João Cotrim de Figueiredo que agora assume funções de
director-geral operacional da TVI e tem à sua responsabilidade a área
financeira, relações públicas, marketing e multimédia. Cotrim Figueiredo
perdeu para Fragoso as áreas de informação e programação. "Fragoso é um
profissional cuja experiência é o que a TVI pretende. Ele pode dar um
contributo muito bom, quer na informação, quer na programação.
Independentemente do trabalho de José Alberto Carvalho e Judite de
Sousa", explica o administrador Miguel Gil.
A
dupla Carvalho/Sousa introduziu um novo espaço informativo no canal de
Queluz de Baixo: ‘Jornal das 8’. O espaço noticioso – que obrigou a um
forte investimento em termos de cenários – é de cariz menos popular do
que o extinto ‘Jornal Nacional’, mas os resultados ainda não se
traduziram na liderança que se esperava. Por exemplo, a estreia do
‘Jornal das 8’, a 6 de Maio de 2011, foi vista por 925 500 pessoas. O
novo bloco informativo da estação de Queluz não bateu a estreia do
‘Jornal de 6.ª’ de Moura Guedes, a 9 de Maio de 2008, seguido por 1 192
000 telespectadores.
Conquistar a liderança na
informação, num canal como a TVI em que o entrenimento é líder, é um
caminho desafiante, daí o reforço com a contração de Fragoso, que antes
da RTP foi director da TSF. "A TVI é um produto de excelência. Estamos
sempre a adaptarmo-nos ao mercado e a tentar oferecer um produto de
qualidade, não apenas no entretenimento, onde já lideramos. Mas a
concorrência é, também, de excelência", diz Miguel Gil, recordando que
de Janeiro a Junho a estação foi o canal mais visto em Portugal, com um
share médio de 26,4%. Ainda assim, como a Correio TV já revelou, a
estação da Media Capital perdeu 1,3 pontos percentuais em relação a
igual período do ano passado.
Mas os números
continuam a dar "confiança à administração do canal, apesar do cenário
de crise que se vive actualmente e da mudança de paradigma que
representa a entrada da Televisão Digital Terrestre e o fim do sinal
analógico". Nem mesmo a ascensão dos canais cabo desmotiva Miguel Gil,
que refere: "É com muito orgulho que posso dizer que na Media Capital
somos mais de 1500 trabalhadores". O administrador enaltece, por isso, o
forte contributo de sempre dos "rostos da TVI que não se vêem, mas que
dão o seu melhor". Miguel Gil não admite, para já, um cenário de
despedimentos, até porque as medidas de gestão da Media Capital se têm
pautado pelo rigor. "Queremos contar com as pessoas que temos. Achamos
que temos os melhores profissionais e por isso acreditamos que temos
futuro num mercado cada vez mais competitivo".
MUDANÇAS APROVADAS
A
23 de Fevereiro deste ano, Miguel Pais do Amaral comunicava ao mercado o
regresso à Media Capital, com a compra de 10% da dona da TVI por 34,9
milhões de euros, com opção de compra que lhe permite atingir 29,69% do
capital. No mesmo dia, o nome de José Alberto Carvalho era apontado como
director de informação da TVI, uma contratação que mereceu aprovação de
Pais do Amaral que, em Março, assumiu a presidência do conselho de
administração da empresa. Apesar de não ter um cargo executivo, Miguel
Pais do Amaral tem uma voz importante dentro do grupo, já que foi na sua
liderança que a TVI passou de quarto canal a líder de audiências em
Portugal. Além disso, o seu sócio na altura (antes de vender o grupo à
Prisa) era Nicolas Berggruen, o norte-americano que através do fundo
Liberty comprou uma posição relevante na Prisa, a dona da TVI. Assim,
contratações como a de José Fragoso não são efectuadas antes de a Prisa
ouvir a opinião do empresário português.
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