sexta-feira, 22 de julho de 2011

"Parem de me chamar bombeira. Sou versátil"

Depois da condução de vários formatos de dança e canto, a apresentadora da RTP entregou-se de corpo e alma a ‘Masterchef’, programa que, diz, cumpre o serviço público.

Recebeu mensagens de felicitações por ‘Masterchef’?
É verdade. Recebi muitos emails, mensagens e telefonemas de amigos, familiares e colegas de profissão. Fiquei contente porque as reacções ao formato foram muito positivas.
Que diz das audiências?
Sou cautelosa. Sou uma pessimista de profissão. Só o futuro dirá quais os resultados que serão alcançados.
A Sílvia queria muito ver o ‘Masterchef’ na RTP?
Seguia o formato da BBC há uns anos. E falei ao José Fragoso do programa, enviei-lhe vídeos da versão australiana. Quando a ‘Operação Triunfo’ terminou o Zé ligou-me a dizer que a RTP ia produzir ‘Masterchef’. Só muito mais tarde me revelou que seria eu a apresentá-lo.
Que a cativava no formato?
O facto de ser mais do que um programa de culinária. É também um espaço de entretenimento com jogo de estratégia. Não basta serem extraordinários cozinheiros, se em testes sob pressão o paladar lhes falhar ou o nervosismo os trair ficam fora da competição. Perdi dois brilhantes cozinheiros assim. As eliminações são sem dó nem piedade. Mas isto é assumido, é um programa de TV, não apenas de culinária. Os cozinheiros estão à mercê do seu talento mas também da sorte.
Houve acidentes graves na cozinha?
Houve vários cortes e algumas queimadelas. Acidentes graves, felizmente não. Tivemos um concorrente pirómano que incendiou a cozinha do exército, mas os militares resolveram a situação rapidamente. Apanhámos um susto.
Este formato é serviço público?
Faz mais do que entreter, ensina as famílias a cozinhar e a fazê-lo às vezes de forma rápida e prática. O site vai oferecer as receitas do que foi confeccionado e dar dicas de culinária dos nossos chefs. O programa vai divulgar a gastronomia portuguesa, dos doces conventuais e da posta mirandesa ao bacalhau. Tudo isto preenche os requisitos de serviço público.
O programa vai levar as pessoas para a cozinha?
A cozinha está na moda. Eu gosto muito do formato do Anthony Bourdain (SIC Radical) mas também seguia o Jamie Oliver (SIC Mulher). É uma temática que me agrada. Gosto de conhecer as dicas.
A Catarina Furtado vai apresentar ‘A Voz de Portugal’. Tendo conduzido a ‘Operação Triunfo’ não preferia ter ficado com este formato?
É óptimo estar neste registo depois de muitos anos a apresentar formatos de canto e dança. O ‘Masterchef’ é a possibilidade de mostrar outro registo e versatilidade. Não me importo nada de voltar ao canto ou à dança, têm sempre o seu lugar no meu coração. ‘Ídolos’ e ‘Operação Triunfo’ são formatos inesquecíveis para mim.
Que diferencia um formato de entretenimento na estação pública e no privado?
A RTP não procura explorar a vida pessoal dos concorrentes. No ‘Masterchef’ e na ‘Operação Triunfo’ senti um zelo e um cuidado muito grande em torno da privacidade das pessoas. Já não sinto isso nos projectos da TVI. Talvez o meio termo na SIC.
Sente-se uma bombeira para os programas do entretenimento?
Parem de me chamar bombeira. Uma coisa é ser-se bombeira outra coisa é ser-se versátil. Não sei se entendem que um apresentador deve percorrer um caminho sólido com uma única estratégia. Se há a conotação positiva de que sou versátil então estou a tentar sê--lo, gosto de variar e não ficar sempre com o mesmo registo.
Olhando para trás, arrepende-se de ter saído da SIC?
Acha que tenho motivos para me arrepender? Claro que não. Na altura foi muito difícil. E fui muito criticada. Mas o tempo mostrou que tinha razão. Não havia outra hipótese senão abdicar do nada que me estavam a dar. A RTP tem--me permitido crescer.
De quem tem saudades da SIC?
Uma coisa são as decisões difíceis, outras as pessoas que se deixam. E não consigo excluir ninguém. Parte do percurso mais sério que fiz na TV começou na SIC, onde deixei pessoas do coração. Tenho muitas saudades delas. As direcções mudam, mas as pessoas que fazem uma casa continuam, na sua maioria, a ser as mesmas.
Vê-se a desempenhar um cargo de direcção?
Os cargos de direcção implicam responsabilidade que eu não tenho grande necessidade de ter.
Dá muito trabalho assumir responsabilidades?
Posso não ter talento para gerir pessoas. Mas gosto muito da área de conteúdos e já comentei que se não tivesse iniciado este mestrado muito provavelmente estaria a tentar um curso na BBC ou em Chicago na área de produção e desenvolvimento de conteúdos. Se surgisse um projecto pessoal e pequenino, como um programa de culinária ou de viagens, aí sim, gostaria bastante. Faria sentido ter um câmara e desenhar os conteúdos, fazer a marcação dos locais e partir sozinha à descoberta desse projecto. Seria interessante para o futuro.
Já se interessava por cozinha?
Não sou propriamente chef mas resolvo-me bem na cozinha.
Cozinha em sua casa?
Agora tenho apoio, mas quando não tinha sempre fui eu a cozinhar. A refeição de Natal ou sempre eu que a preparo para a família.
Aprendeu a cozinhar ainda pequena?
Em criança brincava na cozinha com a minha mãe. Ela preparava a refeição e eu pegava naquilo que ela não aproveitava e fazia as minhas brincadeiras. E tive o meu trem de cozinha, como a maior parte das crianças. Mas tudo não passava de brincadeira.
E quando passou a ser mais a sério?
Eu sou filha de alentejanos e isso quer dizer muita coisa. Quer dizer que gosto de boa comida. Sou um bom garfo.
Qual o seu prato predilecto?
Tantos... Mas vieiras com massa de tinta de choco, adoro. Ou um robalo grelhado. Prefiro o peixe à carne e os salfados aos doces,  mas não digo que não a um leite creme caseiro.
E a confeccionar, prefere os doces ou salgados?
Salgados.
Que pratos faz muito vez em casa?
Massada de camarão com salmão. Que é uma coisa prática e que quase toda a gente gosta. À excepção aos meus amigos que são alérgicos a marisco. E faço carne assada no Inverno, outro prato prático. Gosto de tudo um pouco.
Já fez algum curso de culinária?
Só fiz um workshop de cozinha vegetariana , nos Tibetanos, com a Io Apoloni, porque apesar de não ser vegetariana passo muito bem sem a carne.
Costuma receber os amigos em casa?
Esta noite o João Baião e a Tânia Ribas de Oliveira vão jantar a minha casa.  Ainda não sei o que vou fazer. Mas estava a pensar em atum na grelha com cebolada, uma receita da Justa. A Tânia é alérgica a marisco.
PERFIL
Sílvia Alberto nasceu no Baixo Alentejo há 30 anos. Estreou-se na TV em 2000, no ‘Clube Disney’, na RTP 1. Fez locução na Mix FM. Em 2002 mudou para a SIC, onde se popularizou na condução de ‘Ídolos’. De regresso à RTP 1 apresentou ‘Dança Comigo’ (2006). Seguiu-se ‘Aqui Há Talento’, a terceira série da ‘Operação Triunfo’ e ‘Olha quem Dança’.

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"Parem de me chamar bombeira. Sou versátil"

Depois da condução de vários formatos de dança e canto, a apresentadora da RTP entregou-se de corpo e alma a ‘Masterchef’, programa que, diz, cumpre o serviço público.

Recebeu mensagens de felicitações por ‘Masterchef’?
É verdade. Recebi muitos emails, mensagens e telefonemas de amigos, familiares e colegas de profissão. Fiquei contente porque as reacções ao formato foram muito positivas.
Que diz das audiências?
Sou cautelosa. Sou uma pessimista de profissão. Só o futuro dirá quais os resultados que serão alcançados.
A Sílvia queria muito ver o ‘Masterchef’ na RTP?
Seguia o formato da BBC há uns anos. E falei ao José Fragoso do programa, enviei-lhe vídeos da versão australiana. Quando a ‘Operação Triunfo’ terminou o Zé ligou-me a dizer que a RTP ia produzir ‘Masterchef’. Só muito mais tarde me revelou que seria eu a apresentá-lo.
Que a cativava no formato?
O facto de ser mais do que um programa de culinária. É também um espaço de entretenimento com jogo de estratégia. Não basta serem extraordinários cozinheiros, se em testes sob pressão o paladar lhes falhar ou o nervosismo os trair ficam fora da competição. Perdi dois brilhantes cozinheiros assim. As eliminações são sem dó nem piedade. Mas isto é assumido, é um programa de TV, não apenas de culinária. Os cozinheiros estão à mercê do seu talento mas também da sorte.
Houve acidentes graves na cozinha?
Houve vários cortes e algumas queimadelas. Acidentes graves, felizmente não. Tivemos um concorrente pirómano que incendiou a cozinha do exército, mas os militares resolveram a situação rapidamente. Apanhámos um susto.
Este formato é serviço público?
Faz mais do que entreter, ensina as famílias a cozinhar e a fazê-lo às vezes de forma rápida e prática. O site vai oferecer as receitas do que foi confeccionado e dar dicas de culinária dos nossos chefs. O programa vai divulgar a gastronomia portuguesa, dos doces conventuais e da posta mirandesa ao bacalhau. Tudo isto preenche os requisitos de serviço público.
O programa vai levar as pessoas para a cozinha?
A cozinha está na moda. Eu gosto muito do formato do Anthony Bourdain (SIC Radical) mas também seguia o Jamie Oliver (SIC Mulher). É uma temática que me agrada. Gosto de conhecer as dicas.
A Catarina Furtado vai apresentar ‘A Voz de Portugal’. Tendo conduzido a ‘Operação Triunfo’ não preferia ter ficado com este formato?
É óptimo estar neste registo depois de muitos anos a apresentar formatos de canto e dança. O ‘Masterchef’ é a possibilidade de mostrar outro registo e versatilidade. Não me importo nada de voltar ao canto ou à dança, têm sempre o seu lugar no meu coração. ‘Ídolos’ e ‘Operação Triunfo’ são formatos inesquecíveis para mim.
Que diferencia um formato de entretenimento na estação pública e no privado?
A RTP não procura explorar a vida pessoal dos concorrentes. No ‘Masterchef’ e na ‘Operação Triunfo’ senti um zelo e um cuidado muito grande em torno da privacidade das pessoas. Já não sinto isso nos projectos da TVI. Talvez o meio termo na SIC.
Sente-se uma bombeira para os programas do entretenimento?
Parem de me chamar bombeira. Uma coisa é ser-se bombeira outra coisa é ser-se versátil. Não sei se entendem que um apresentador deve percorrer um caminho sólido com uma única estratégia. Se há a conotação positiva de que sou versátil então estou a tentar sê--lo, gosto de variar e não ficar sempre com o mesmo registo.
Olhando para trás, arrepende-se de ter saído da SIC?
Acha que tenho motivos para me arrepender? Claro que não. Na altura foi muito difícil. E fui muito criticada. Mas o tempo mostrou que tinha razão. Não havia outra hipótese senão abdicar do nada que me estavam a dar. A RTP tem--me permitido crescer.
De quem tem saudades da SIC?
Uma coisa são as decisões difíceis, outras as pessoas que se deixam. E não consigo excluir ninguém. Parte do percurso mais sério que fiz na TV começou na SIC, onde deixei pessoas do coração. Tenho muitas saudades delas. As direcções mudam, mas as pessoas que fazem uma casa continuam, na sua maioria, a ser as mesmas.
Vê-se a desempenhar um cargo de direcção?
Os cargos de direcção implicam responsabilidade que eu não tenho grande necessidade de ter.
Dá muito trabalho assumir responsabilidades?
Posso não ter talento para gerir pessoas. Mas gosto muito da área de conteúdos e já comentei que se não tivesse iniciado este mestrado muito provavelmente estaria a tentar um curso na BBC ou em Chicago na área de produção e desenvolvimento de conteúdos. Se surgisse um projecto pessoal e pequenino, como um programa de culinária ou de viagens, aí sim, gostaria bastante. Faria sentido ter um câmara e desenhar os conteúdos, fazer a marcação dos locais e partir sozinha à descoberta desse projecto. Seria interessante para o futuro.
Já se interessava por cozinha?
Não sou propriamente chef mas resolvo-me bem na cozinha.
Cozinha em sua casa?
Agora tenho apoio, mas quando não tinha sempre fui eu a cozinhar. A refeição de Natal ou sempre eu que a preparo para a família.
Aprendeu a cozinhar ainda pequena?
Em criança brincava na cozinha com a minha mãe. Ela preparava a refeição e eu pegava naquilo que ela não aproveitava e fazia as minhas brincadeiras. E tive o meu trem de cozinha, como a maior parte das crianças. Mas tudo não passava de brincadeira.
E quando passou a ser mais a sério?
Eu sou filha de alentejanos e isso quer dizer muita coisa. Quer dizer que gosto de boa comida. Sou um bom garfo.
Qual o seu prato predilecto?
Tantos... Mas vieiras com massa de tinta de choco, adoro. Ou um robalo grelhado. Prefiro o peixe à carne e os salfados aos doces,  mas não digo que não a um leite creme caseiro.
E a confeccionar, prefere os doces ou salgados?
Salgados.
Que pratos faz muito vez em casa?
Massada de camarão com salmão. Que é uma coisa prática e que quase toda a gente gosta. À excepção aos meus amigos que são alérgicos a marisco. E faço carne assada no Inverno, outro prato prático. Gosto de tudo um pouco.
Já fez algum curso de culinária?
Só fiz um workshop de cozinha vegetariana , nos Tibetanos, com a Io Apoloni, porque apesar de não ser vegetariana passo muito bem sem a carne.
Costuma receber os amigos em casa?
Esta noite o João Baião e a Tânia Ribas de Oliveira vão jantar a minha casa.  Ainda não sei o que vou fazer. Mas estava a pensar em atum na grelha com cebolada, uma receita da Justa. A Tânia é alérgica a marisco.
PERFIL
Sílvia Alberto nasceu no Baixo Alentejo há 30 anos. Estreou-se na TV em 2000, no ‘Clube Disney’, na RTP 1. Fez locução na Mix FM. Em 2002 mudou para a SIC, onde se popularizou na condução de ‘Ídolos’. De regresso à RTP 1 apresentou ‘Dança Comigo’ (2006). Seguiu-se ‘Aqui Há Talento’, a terceira série da ‘Operação Triunfo’ e ‘Olha quem Dança’.