A ficção nacional deveria ser controlada pelos autores. O orçamento actual é reduzido, há pouco tempo para criar e a variedade de conteúdos escasseia na televisão. Estas são as conclusões apresentadas ontem no auditório do DN, no debate que avaliou o estado de saúde da ficção portuguesa. Apesar de tudo, Virgílio Castelo, Margarida Marinho, José Fragoso, Nuno Artur Silva e António Barreira elogiaram a rápida evolução dos nossos produtos, nos últimos quinze anos.
A ficção nacional está dominada pelos controladores financeiros quando devia estar sob a alçada dos autores, facto que poderia aumentar a qualidade das novelas portuguesas. Esta foi uma das principais conclusões avançadas ontem durante o debate organizado pelo DN, "Ficção Portuguesa: E depois do Emmy", que foi transmitido em directo no site do DN e que contou "à mesa" com a presença de ilustres profissionais da televisão nacional: Nuno Artur Silva, José Fragoso, Margarida Marinho, António Barreira e Virgílio Castelo.
"Os autores e actores portugueses são bons, mas a produção nacional ainda não encontrou forma de fazer melhor. Ela é dominada pelos controladores financeiros quando devia ser controlada pelos autores", frisou Virgílio Castelo. O que acaba por causar problemas. "O desenho das novelas é um desenho em que a criação artística é diminuída. É preciso mudar a forma de produção em Portugal", confessou o actor e consultor para a ficção nacional da SIC.
Outra problemática focada por todos os convidados foi a questão orçamental na produção portuguesa. "Fazer ficção é complicado. Ainda dispomos de poucos meios, o nosso orçamento ainda é pequeno. Não temos uma cidade cinematográfica. Temos de fazer omeletas com os ovos que temos. É um esforço enorme. No Meu Amor, senti esta condicionante financeira. Foi uma novela low cost", afirmou António Barreira, autor da novela galardoada recentemente com um Emmy. "Temos um problema grave que é o dinheiro", adiantou Virgílio Castelo. "As condições materiais numa novela são inconstantes e desequilibradas. A produção ainda não deu o salto que devia dar. As diferentes produções têm diferentes valores, mesmo no mesmo canal", acrescentou a actriz Margarida Marinho. "A ficção histórica fora da RTP é impossível, porque é muito cara. O número de canais aumentou mas o dinheiro para cada um deles diminuiu", sublinhou José Fragoso, director de Programas da RTP.
Em paralelo com a falta de dinheiro, a produção nacional debate-se, ainda com a falta de tempo. "Ainda há constrangimentos em relação ao tempo que o autor tem para escrever, estudar, pensar, etc. As produções são cada vez mais sólidas, mas ainda não houve tempo para se consolidarem", confessou Margarida Marinho.
Apesar disso, é geral a opinião de que os primeiros quinze anos da ficção portuguesa tiveram uma maior evolução do que em qualquer país. "Ninguém fez um percurso tão rápido e tão bem como em Portugal. Nem a Globo, ao fim de quinze anos, estava no patamar que nós estamos", disse Virgílio Castelo.
No entanto, o monopólio do formato da novela na televisão portuguesa deixa pouco espaço à variedade. "Estamos a esgotar a nossa produção em novelas. É um empobrecimento narrativo na variedade e é uma pena. O que seria saudável era a indústria das novelas ser uma rede para a criação de séries, filmes, etc. Estamos a caminhar ao contrário da Europa. Devia haver obrigação na televisão privada sobre as quotas de ficção europeias, para investir na variedade", atirou Nuno Artur Silva, director das Produções Fictícias. José Fragoso concordou. "Se não apostarmos mais em séries, o cenário geral da ficção nacional vai empobrecer", disse o responsável da RTP, que em 2008 voltou costas às novelas. "A RTP não tem nada contra as novelas. Em Janeiro de 2008, dissemos que não fazíamos mais novelas e caminhámos na produção de filmes e minisséries. Tem de haver oferta complementar", acrescentou Fragoso. Margarida Marinho defendeu, de seguida, o seu canal. "A TVI tem o desejo de diminuir o pacote de três ou quatro novelas diárias e apostar noutros formatos", disse a actriz.
E engane-se quem pense que as novelas são um universo glamoroso. "Não tem nada que ver com o glamour e o mundo das revistas: é amor e entrega à representação", rematou.
"Os autores e actores portugueses são bons, mas a produção nacional ainda não encontrou forma de fazer melhor. Ela é dominada pelos controladores financeiros quando devia ser controlada pelos autores", frisou Virgílio Castelo. O que acaba por causar problemas. "O desenho das novelas é um desenho em que a criação artística é diminuída. É preciso mudar a forma de produção em Portugal", confessou o actor e consultor para a ficção nacional da SIC.
Outra problemática focada por todos os convidados foi a questão orçamental na produção portuguesa. "Fazer ficção é complicado. Ainda dispomos de poucos meios, o nosso orçamento ainda é pequeno. Não temos uma cidade cinematográfica. Temos de fazer omeletas com os ovos que temos. É um esforço enorme. No Meu Amor, senti esta condicionante financeira. Foi uma novela low cost", afirmou António Barreira, autor da novela galardoada recentemente com um Emmy. "Temos um problema grave que é o dinheiro", adiantou Virgílio Castelo. "As condições materiais numa novela são inconstantes e desequilibradas. A produção ainda não deu o salto que devia dar. As diferentes produções têm diferentes valores, mesmo no mesmo canal", acrescentou a actriz Margarida Marinho. "A ficção histórica fora da RTP é impossível, porque é muito cara. O número de canais aumentou mas o dinheiro para cada um deles diminuiu", sublinhou José Fragoso, director de Programas da RTP.
Em paralelo com a falta de dinheiro, a produção nacional debate-se, ainda com a falta de tempo. "Ainda há constrangimentos em relação ao tempo que o autor tem para escrever, estudar, pensar, etc. As produções são cada vez mais sólidas, mas ainda não houve tempo para se consolidarem", confessou Margarida Marinho.
Apesar disso, é geral a opinião de que os primeiros quinze anos da ficção portuguesa tiveram uma maior evolução do que em qualquer país. "Ninguém fez um percurso tão rápido e tão bem como em Portugal. Nem a Globo, ao fim de quinze anos, estava no patamar que nós estamos", disse Virgílio Castelo.
No entanto, o monopólio do formato da novela na televisão portuguesa deixa pouco espaço à variedade. "Estamos a esgotar a nossa produção em novelas. É um empobrecimento narrativo na variedade e é uma pena. O que seria saudável era a indústria das novelas ser uma rede para a criação de séries, filmes, etc. Estamos a caminhar ao contrário da Europa. Devia haver obrigação na televisão privada sobre as quotas de ficção europeias, para investir na variedade", atirou Nuno Artur Silva, director das Produções Fictícias. José Fragoso concordou. "Se não apostarmos mais em séries, o cenário geral da ficção nacional vai empobrecer", disse o responsável da RTP, que em 2008 voltou costas às novelas. "A RTP não tem nada contra as novelas. Em Janeiro de 2008, dissemos que não fazíamos mais novelas e caminhámos na produção de filmes e minisséries. Tem de haver oferta complementar", acrescentou Fragoso. Margarida Marinho defendeu, de seguida, o seu canal. "A TVI tem o desejo de diminuir o pacote de três ou quatro novelas diárias e apostar noutros formatos", disse a actriz.
E engane-se quem pense que as novelas são um universo glamoroso. "Não tem nada que ver com o glamour e o mundo das revistas: é amor e entrega à representação", rematou.
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